
Em abril deste ano, o presidente Lula fez comentários considerados machistas ao se referir à indicação de uma mulher em um cargo público, mencionando que a escolha se deu, em parte, por “ser bonita”. A fala repercutiu negativamente em todo o país, sendo criticada por movimentos feministas, especialistas em igualdade de gênero e pela própria sociedade civil.
É preciso reconhecer que, historicamente, o Brasil sempre teve dificuldade em valorizar plenamente a presença das mulheres na política e em cargos de liderança. Comentários como esse não ajudam a mudar esse cenário; ao contrário, reforçam estereótipos ultrapassados que limitam a participação feminina à aparência, em vez de reconhecer competência, preparo e trajetória.
Em um país onde as mulheres ainda ganham menos que os homens, enfrentam mais dificuldades para ocupar cargos de poder e são as maiores vítimas de violência doméstica, o mínimo que se espera de um chefe de Estado é sensibilidade e responsabilidade ao falar em público.
A fala de Lula não anula avanços em outras áreas, nem deve ser usada para invalidar políticas sociais importantes. Mas serve de alerta: palavras importam, principalmente quando ditas por quem ocupa o cargo mais alto da República.
- Opinião do Editor Jonas Barroso –
O Brasil precisa de lideranças que entendam que igualdade de gênero não é apenas discurso de campanha, mas uma prática diária. O respeito começa na fala e se concretiza em ações: mais mulheres em espaços de decisão, salários justos e políticas públicas que protejam e promovam a cidadania feminina.
Não se trata de esquerda ou direita. Trata-se de justiça, respeito e evolução social. Um país que valoriza suas mulheres avança mais rápido, de forma mais justa e equilibrada.