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Derrota no IOF: quando falta diálogo até os aliados abandonam o barco

O Congresso Nacional derrubou, por ampla maioria (383 a 98), o veto presidencial ao decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A derrota foi tão expressiva que contou com votos contrários até de partidos da base governista.

O episódio revelou algo maior do que apenas uma divergência sobre impostos: expôs uma profunda falha de articulação política. Um governo que não consegue alinhar sua base, explicar suas propostas e construir consenso, corre o risco de ficar refém de derrotas sucessivas, prejudicando sua capacidade de governar.

O IOF, apesar de ser um imposto com impacto direto na vida financeira do cidadão (especialmente em operações de crédito e câmbio), foi proposto sem clareza sobre seu uso final, sem apresentar uma contrapartida social convincente ou um plano detalhado de compensação.

Ao mesmo tempo, a sociedade já enfrenta um ambiente de juros altos e crédito caro. Propor aumentos tributários nesse contexto, sem um debate público profundo, foi visto como insensível e tecnicamente arriscado.

Mais grave ainda foi o fato de a derrota ter sido construída internamente, fruto de ruídos e disputas entre alas do próprio governo e líderes do Congresso.


- Opinião do Editor Jonas Barroso –

O país precisa de um governo que não apenas proponha medidas, mas que saiba ouvir, negociar e explicar. A boa política não se faz na imposição, mas no convencimento.

Mais do que criar novos impostos, é hora de discutir reformas estruturais que tornem o sistema tributário mais simples, justo e transparente. Ao mesmo tempo, é essencial fortalecer a articulação com o Congresso, ouvindo as diferentes vozes e antecipando críticas.

O cidadão quer previsibilidade, clareza e eficiência. O Brasil só avança com diálogo verdadeiro e responsabilidade fiscal.

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