
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) anunciou que quer criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar algo sério: o senador desconfia que o governo esteja usando dinheiro público para bancar vídeos e postagens com inteligência artificial nas redes sociais.
Esses conteúdos, segundo o senador, estariam atacando decisões do Congresso Nacional e defendendo posições políticas do governo, especialmente do PT, o partido do presidente Lula.
Mas o que isso significa?
Imagine que o governo use verba que deveria ir para saúde ou educação para fazer vídeos com vozes geradas por computador, robôs e perfis falsos falando bem do governo e mal dos parlamentares. Isso, além de antiético, pode ser ilegal.
É exatamente isso que Ciro Nogueira quer investigar com a CPI: ver se tem dinheiro do povo sendo usado para fazer propaganda política disfarçada na internet.
O que é uma CPI?
CPI é como uma investigação feita pelos senadores e deputados. Eles podem:
- Convocar pessoas para depor,
- Pedir documentos e contratos,
- Fazer perguntas e descobrir se houve algo errado.
Se encontrarem irregularidades, eles podem denunciar os responsáveis e até encaminhar o caso para a Justiça.
Por que isso virou assunto agora?
O senador diz que notou um aumento de vídeos e postagens com inteligência artificial nas redes sociais, especialmente quando o governo começou a cair nas pesquisas de popularidade.
Esses vídeos falam, por exemplo, sobre o imposto de renda e sobre as tarifas cobradas por outros países, como os EUA. Segundo o senador, muitos desses vídeos atacam o Congresso como se ele estivesse “contra o povo”, e defende decisões do governo.
A CPI vai tentar descobrir quem criou esses vídeos, quem pagou por eles, e se o dinheiro veio do governo.
Se provarem que houve uso de dinheiro público de forma ilegal, os responsáveis podem ser punidos e o caso vai parar no Ministério Público ou no STF.
E o PT nisso?
O Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula, tem investido forte na comunicação digital, com vídeos, postagens e campanhas nas redes. Parte da oposição, como Ciro Nogueira, acha que essa movimentação pode estar ultrapassando os limites legais, usando dinheiro público para atacar adversários.
- Opinião do Editor Jonas Barroso –
A proposta do senador Ciro Nogueira de instaurar uma CPI para investigar o uso de verbas públicas em campanhas digitais com inteligência artificial reflete um tema incômodo, porém necessário: a falta de limites éticos e legais na comunicação política digital no Brasil.
Num ambiente em que vídeos automatizados, vozes geradas por IA e perfis inautênticos circulam livremente nas redes, é legítimo questionar quem financia esse conteúdo, especialmente quando ele favorece interesses de grupos políticos específicos e ataca instituições democráticas. O uso de dinheiro público para alimentar esse ecossistema, se confirmado, ultrapassa qualquer fronteira ética — e merece investigação.
A iniciativa de Ciro, embora venha da oposição, toca em um ponto que incomoda silenciosamente até setores mais moderados: a ocupação desenfreada do espaço digital por campanhas que borram a linha entre informação pública, militância virtual e propaganda disfarçada. Em muitos casos, é impossível distinguir o que é espontâneo do que é estrategicamente produzido e impulsionado com recursos estatais.
Ainda que a CPI tenha um claro componente político — o que é comum no Congresso — ela pode ser uma oportunidade rara de discutir o vácuo regulatório que permite que tecnologias como a IA sejam usadas para manipular percepções públicas sem transparência ou controle.